terça-feira, 11 de agosto de 2015

ENFERMIDADES CRÔNICAS E AGUDAS


As enfermidades dinâmicas são, para a Homeopatia, entidades nosológicas claras e distintas entre si.
Comportam-se como doenças agudas ou crônicas: a que evolui para cura ou morte num intervalo de tempo curto são as agudas; e as crônicas são aquelas que se arrastam, consumindo o indivíduo aos poucos até que, praticamente, o acabem. Elas acabam com a vida do enfermo antes que este possa simplesmente morrer naturalmente (sadio).
As duas são causadas por alteração no dinamismo vital, por agentes causadores de doenças diferentes.
As doenças crônicas são provocadas pela doença dinâmica Psora, Sífilis e Sicose. A esse agente causador do desequilíbrio dinâmico chamamos de Miasma[i] crônico.
Já a doença aguda é causada por um Miasma agudo.
Se duas pessoas tiverem a mesma doença aguda farão, praticamente, o mesmo quadro sintomático, ou muito semelhante na sua manifestação.

A DOENÇA AGUDA

Na doença verdadeiramente aguda há uma forma clara de agir. É a doença que causa um mal agudo, de forma vigorosa, com sintomas e sinais exuberantes, e tende à morte ou à cura espontaneamente.  
Geralmente acaba por produzir sintomas e sinais muito semelhantes em indivíduos enfermos distintos. Produzem um quadro muito semelhante, mais ou menos exuberante de um indivíduo para outro, mas um mesmo quadro clinico.
Dependendo de como afetam a população geral, podem atingir a grande maioria, metade da população ou menos que a metade, e daí recebem nomes diferentes.
Lá no começo do livro, escrevi um episódio assim: “Houve há alguns anos atrás uma epidemia de gripe. O quadro era claro, e as pessoas caíam enfermas dessa virose e, com mais ou menos tempo, se curavam sem problemas”. Esta era uma doença aguda de verdade, este é um bom exemplo.
Porém, uma doença aguda pode fazer com que um indivíduo, previamente enfermo na sua dinâmica vital, desencadeie as manifestações de uma doença crônica. É como se a doença aguda despertasse a doença crônica que jazia latente em seu sistema, apenas esperando o momento em que pudesse agir.
 Vemos isto mais ou menos assim no consultório:
- Desde que peguei tal gripe, passei a apresentar tal e tal sintoma, e quando fui ao médico este me diagnosticou como tal doença crônica. Eu nunca tinha tido nada até então.
Parece que o impacto causado pela doença aguda sobre um indivíduo psórico, que apresentava a Psora em latência, coloca em atividade a doença dinâmica crônica, e a pessoa começa, então, a desenvolver toda sua morbidade latente.

A DOENÇA CRÔNICA


A doença crônica é bem diferente de uma aguda que evolui para cura ou morte.
Ela tende a não se curar, é de característica evolutiva, se complica no tempo e compromete gradualmente a saúde do indivíduo, mas só o mata por complicações ou porque este literalmente “se acaba”, após ser tão comprometido e espoliado.
As doenças crônicas, tais como as conhecemos, nascem porque uma pessoa está suscetível a adoecer.  
Essa suscetibilidade é decorrente de uma alteração prévia do seu organismo como um todo, o que lhe cria um terreno mórbido, isto é, uma predisposição a desenvolver algumas patologias, dependendo para isso da sua genética e do meio em que vive.
Nem sempre podemos alterar o meio, nem, tampouco, a genética. Em vista disto, podemos mudar a suscetibilidade para que a pessoa não adoeça.
A doença crônica é adquirida e pode se mostrar ainda simples como o campo que chamamos de Psora, ou estar já complicada com outros fatores mórbidos. Ainda pior se muito evoluída, quando aparecem as doenças em que o corpo não pode fazer uma identificação correta entre o que é normal e precisa ser mantido, e o que é alterado precisa ser eliminado.
Uma vez adquirida essa doença crônica, ela vai mudar o sistema e nos predispor a adoecer, e isso vai mudando nossa forma de ser, nos limitando, nos fazendo sofrer.
Aos poucos, vamos acabando, diminuindo, até que, através de um acidente mórbido, não tendo mais condição de nos manter vivos, morremos.
Quando um homeopata estuda e trata um paciente, está tentando aniquilar essa disposição de adoecer, que se chama Miasma. É porque ela está no corpo e o desorganiza que tantas doenças vão aparecer como enfermidades. Por exemplo: hipertensão, diabetes, lúpus, os tantos transtornos articulares, digestivos, as neuroses, muitos dos chamados desvios sociais, fobias, etc.
Se tivermos que estudar um paciente, procuraremos, assim, estudar como o indivíduo se alterou para ter a patologia que tem, e como poderemos tratá-lo.
É a atuação típica de um médico clínico, porém com uma arma terapêutica muito eficaz para esse fim, que é a Homeopatia.

AGUDIZAÇÃO DE UMA DOENÇA CRÔNICA

O que causa confusão é o fato de a doença crônica muitas vezes produzir quadros de agudização, que não são provocados pelo Miasma agudo, e, portanto, não são os mesmos para mais ninguém. Esta agudização de um miasma crônico é que gera confusão, aparentando ser uma doença aguda.
É mais um acidente mórbido, uma pequena complicação no curso de uma doença crônica do que uma doença aguda.
Houve há alguns anos atrás uma epidemia de gripe. O quadro era claro, e as pessoas caíam enfermas dessa virose e, com mais ou menos tempo, se curavam sem problemas.
No meio dos que haviam pegado a virose, apareceram alguns que complicaram com amigdalite purulenta aguda, otite média purulenta aguda e até broncopneumonia.
Esses eram os enfermos crônicos que, diante de uma virose, uma enfermidade miasmática aguda, complicaram, fazendo outra doença, aqui bacteriana, uma complicação, devido à suscetibilidade a enfermar motivada pela Doença Crônica Dinâmica. São os quadros que só o individuo enfermo apresenta, e só ele,  não mostrando ter um gênio epidêmico.
Também há outros tantos que fazem um quadro de doença aguda, como resultado da “agudização” de uma doença crônica dinâmica, que saiu da latência ou se manifestou espontaneamente pelo dinamismo mórbido. Nesses casos, se houver um quadro semelhante, será só por uma coincidência.
São comuns, por exemplo, as complicações do Sarampo, que levam até a morte. Isso porque se uma criança não está bem na sua dinâmica vital, ela apresenta uma suscetibilidade a enfermar; e se adquire uma doença viral intensa que a consome, cria condição para desenvolver outra doença que pode lhe ser fatal.

Toda vez que entra um paciente no meu consultório com uma doença aguda, tenho de diagnosticar em qual situação se encontra, se é portador de uma enfermidade aguda pura, se apresenta uma agudização de uma doença crônica ou se é complicação provocada durante a evolução de uma doença aguda em um indivíduo previamente doente (doença crônica).
E para reforçar o conceito: digo doença crônica me referindo à Doença Dinâmica, que afeta o todo e o torna suscetível a adoecer.
Aparentemente, podemos não mostrar essa doença, a não ser para o médico através de uma consulta.
É por isso que ouvimos quando alguém se complica com uma doença aguda:
- Mas fulano era tão saudável, nunca teve nada, e agora esta assim tão ruim, não dá para entender...



[i]                       Miasma tem como tradução veneno ou vírus.

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