A HOMEOPATIA PODE TRATAR
TODAS AS DOENÇAS?
Vi várias matérias na “mídia” que
tentam responder a esta pergunta.
Respondem a ela desde pós-doutorados
até jornalistas curiosos, entusiastas e críticos.
Comum nos dias de hoje, a super
especialização criou o hábito de se falar sem dizer, de se afirmar sem o saber
suficiente, de informar sem acrescentar. Tudo é um jargão, ou uma afirmativa
que pode ser interpretada conforme a ansiedade do leitor.
Então, vamos tentar deixar tudo
isto um pouco mais claro, e se você, assim mesmo, se sentir confuso, bom, então
falhei no meu objetivo.
VISÃO CLINICA E
ESPECIALIZADA
A Medicina é ainda a velha
Medicina.
Hipócrates deu a estrutura médica
para que se desenvolvessem, no tempo, o método de curar as pessoas, de afastar
a dor e limitar o mal, e ainda, se
possível, manter a saúde das pessoas.
Os séculos se incumbiram de desenvolver técnicas e acumular fatos e conhecimentos. Não precisa dizer que se juntou muito conteúdo, conhecimentos
em nome da Medicina.
Mas, apesar do grande conteúdo
acrescentado no tempo, o conhecimento
prático manteve uma relativa ordem no corpo médico, seguindo o método de estudo
vigente em cada período.
O profissional médico foi se destacando no tempo ante a todo
este conhecimento e tomando consciência do que era Saúde e Doença. Sobre a maneira de curar, de inspecionar e
até de como formar outro médico.
Quando se acumula conhecimentos comprovados
e estudados, e se aprende as hipóteses mais prováveis, quando se conhece o que
não é um fundamento de um fato, em fim quando se tem o conhecimento básico
sobre o ser humano, sobre sua estrutura e função saudável, e, por outro lado
também, em relação as patologia e suas mazelas como alteração do estado de saúde,
dizemos que o indivíduo esta embasado a aprender Medicina.
Então esse pupilo vai a prática
médica e vai aprender desde como ouvir e saber o que ouve, reconhecer o que é
sintoma e os sinais da alteração mórbida, perceber os ruídos do humano doente,
aprender a ver, tocar, cheirar, ouvir a doença com todo o seu cortejo.
Aprende como um sinal ou sintoma
apareceu, desenvolveu, e como o estado de uma doente foi o “empilhar” de
consequências de suas alterações da saúde.
Nesse caso então, começa a aparecer
uma Médico.
Esse médico que consegue formular
uma Hipótese Diagnóstica depois de uma consulta médica porque percebe e começa
a entender a doença, a avaliar uma pessoa, é um Clinico.
Ele tem como ferramenta de
trabalho o conhecimento médico amplo, limitado a sua capacidade de processar o
volume de conhecimentos médicos, as técnicas médicas de estudo e
interpretação das enfermidades num
doente, e acima de tudo consegue ter desenvolvido, e em desenvolvimento em sua
vida prática, o RACIOCÍNIO MÉDICO proveniente da integração de todo o
conhecimento médico. Além disso, sabe rapidamente buscar informações, através
da Pesquisa Médica, para o exercício
profissional.
O médico clínico é exímio em
fazer uma relação médico-paciente ser proveitosa, e geralmente ocupa a posição
do elemento de apoio e orientação durante toda a doença.
Para um clinico não cabe a
informação “humanizar” porque o seu ato médico é todo ele um ato humanizado.
Na visão especializada do
profissional médico há uma sequência de atos protocolados, esperados e
previstos. Há uma atitude protocolada.
Há um protocolo para se obter
sintomas, pesquisar em exames, interpretar e tomar conduta que também é
protocolada.
Dentro das superespecialidade
isto é rotineiro e necessário devido às ações extremamente complexas envolvidas.
Também o é esperado nas urgências
e emergências porque torna a ação médica mais rápida, muito embora nas
urgências o raciocínio consegue, de forma mais barata e rápida, ser mais
eficaz. Muitas vezes a indicação da ação nestes casos é mesmo protocolar.
No âmbito da promoção e
manutenção da saúde, área de atuação máxima do médico clínico, não cabe muitos
protocolos porque a atuação tem por base o raciocínio livre, outra postura que
não esta pode levar a erros que podem comprometer a saúde do indivíduo.
Então se você tiver um clínico e
tiver que especializa-lo, será tarefa fácil, mas se ao contrario do que foi
dito for “generalizar” um médico especialista vamos ter problemas e algumas
vezes será quase impossível.
Há duas posturas e duas visões
distintas.
Um clínico vê uma pessoa com
sintomas e sinais que lhe causam limitação e sofrimento como decorrência da
alteração da saúde por uma enfermidade.
O especialista vê, geralmente,
uma doença que acomete um enfermo, contra
o que deve aplicar um protocolo de ação.
Ambos visam a mesma coisa, mas
com posições diferentes.
No segundo caso há uma
necessidade ética de se estimular a humanização do atendimento devido ao alto
grau técnico envolvido.
No primeiro a ação do clínico é
em si uma ação médica humanizada.
A HOMEOPATIA E SUA
VISÃO CLÍNICA
Bem, se formos verificar como
trabalha um médico homeopata veremos um clínico em ação.
A Homeopatia é uma especialidade
terapêutica eminentemente clínica. Poderia se dizer que é uma clínica de maior
grandeza que um médico poderia praticar.
Para ser um Homeopata e ser efetivo
como um bom profissional, antes de qualquer coisa, precisa ser um clínico bem
formado. Precisa ter aprendido e sido treinado a ver como um clínico, cheirar
como um clínico, ouvir como um clínico, e acima de tudo pensar como um clínico.
Na formação moderna, a formação
básica para um clínico foi trocada pela da formação de um especialista. É
reconhecidamente fácil de notar na medicina da escola americana. A escola
europeia pelo menos até recentemente, era de cunho clínico.
Então se expusermos a Homeopatia
a estudos por grupos de médicos com formação clínica e outra de formação especializada notaremos
posturas muito diversas, facilidade e dificuldades muito diversas.
É muito mais fácil para um
clínico lidar com assuntos clínicos do que um especialista que se limita a
áreas e patologias.
Não há melhor ou pior. Para cada
nível de atuação há uma forma mais adequada de atuação.
Se numa cirurgia cardíaca de grande
complexidade fôssemos empregar a clínica pura, certamente não haveria técnicas
tamanha morosidade.
Por outro lado, se fôssemos levar
um especialista a fazer clínica ampla, provavelmente levaria a pequenas
confusões por falta da visão clínica no ato médico. Um exemplo é o déficit da
vitamina D acidentalmente, uma lipossolúvel, em dieta contra gordura aos se
pensar no colesterol.
A dificuldade da uniformidade
entre homeopatas se da justamente devido a falta de formação clinica ou a
insuficiência dela.
VOLTANDO AO TEMA
A visão de doença e doente tem
uma conotação um pouco diferente entre médicos clínicos e especialistas.
Se levar isto para a Homeopatia a
coisa fica um pouco mais complicado, por ser ela muito mais abrangente que a
visão tradicional de doença.
A Homeopatia vê aquilo a que
chamamos de doença como apenas a exteriorização de uma enfermidade dinâmica,
ativa, preexistente, que se desenvolvia muito tempo antes de ser detectada
fisicamente.
Quando vemos as enfermidades de
forma super-distendida vemos síndromes. A Homeopatia vai além, porque estuda os
eventos desde sua origem, define a origem e lhe propõe um tratamento.
Ela, a terapêutica homeopática,
implica em ampliar o horizonte clínico para além dos limites do tradicional,
porém não desconhecido.
Hipócrates já lhe enunciava o
princípio na sistematização médica.
Na visão tradicional, não apenas
na especializada, também vemos síndromes, porém num contexto muito mais
limitado.
É deste ponto que começa a
confusão quando dentro de uma modalidade se quer comparar a abrangência da outra,
a eficiência e fazer trabalhos paralelos sob o ponto de vista de uma
preponderantemente.
Não há paralelos, uma engloba a
outra.
Se colocar o conteúdo do
tradicional, por assim dizer, dentro da Homeopatia ver-se-ha que não se muda o conteúdo, porque
uma segue outra, uma generaliza outra particulariza.
Mas se inverter, tentar se
colocar a Homeopatia dentro da tradicional não haverá espaço natural para ela.
Temos que lembrar que Hahnemann
nada mais era que um médico doutorado, e com a visão de médico clínico que era
entendeu como aplicar a Homeopatia de Hipócrates.
Sendo a medicina uma só,
logicamente este fato existe, não por ser melhor ou maior a Homeopatia, mas por
que parte-se do geral para particularização.
COMPARANDO PATOLOGIAS
Então quando queremos saber se
Homeopatia cura ou não uma doença precisamos acima de tudo ver quais sintomas
tomamos para se dizer que tal ou qual patologia foi curada.
Senão corre-se o risco de afirmar
ou negar falsamente, não esquecendo que a nomenclatura de um estado patológico
é conceitual e natural.
Um exemplo: Uma certa vez atendi
um paciente que veio como a historia de Úlcera Péptica Duodenal tratada e
curada, e que os sintomas voltavam.
Sim, depois do tratamento os
sintomas dispépticos tinham desaparecido mas a doença continuava ativa
produzindo uma infinidade de mudança no indivíduo, mostrando ter afetado a
adaptação do mesmo no universo em que vive, e disso a tesão mórbida que o
estressou, causou uma hiperacidez gástrica, e diante de uma predisposição ulcerosa fez a patologia Úlcera
Péptica Duodenal.
Vi um caso de Arritmia cardíaca
tratado com melhoras e com reincidência de tempos em tempos. Depois de um
estudo vejo uma ansiedade de consciência ligada remordimento por remorso, com
base religiosa. A ansiedade angustiosa lhe levava a um Vagotonismo, que também
trazia sintomas gástricos e intestinais e alteração da salivação e gosto na
boca.
Tratado e resolvida a ansiedade
de consciência nunca mais teve o Vagotonismo e nem as arritmias, e me disseram
a Homeopatia curou a arritmia cardíaca.
A Homeopatia tratou Arritmia, a Ansiedade de consciência, os
outros diversos sintomas que vinham
juntos, ou o doente?
O QUE A HOMEOPATIA DEVERAS CURA
Com o que já falamos, fica fácil
pensar que há coisas muito diferentes, embora não sejam tanto assim por ser a
mesma Medicina.
É como para onde se olha que muda
o aspecto do observado.
Como disse clinicamente partimos
do geral, e para Homeopatia ser mais ampla, começamos com uma visão deveras
ampla.
No caso da arritimia o
Cardiologista fez o papel dele, ouviu a arritmia, anotou os sintomas que causavam no doente, fez um eletrocardiograma,
e diversos estudos e a medicou.
Eu vi os sintoma outros do
Vagotonismo além dos sintomas objetivos da Arritmia, perscrutei a esfera
psíquica, porque o facies, a mascara do paciente, denunciava ansiedade e
sofrimento, e cheguei na ansiedade de consciência depois de uma observação
clínica cuidadosa.
Tratei o paciente como um todo e
tudo foi se resolvendo, até a arritmia.
Como então dizer o que trata ou
não na Homeopatia?
A HOMEOPATIA PODE
TRATAR TODAS AS DOENÇAS?
A resposta correta seria: sim a
Homeopatia trata todas as doenças tratáveis por ela.
Parece brincadeira mas não é.
No que se refere a como a doença
apareceu, se resultado da ação de “ENFERMIDADE DINÂMICA CRÔNICA OU AGUDA” sim
todas praticamente. A limitação fica por conta do paciente, do médico
e do medicamento .
As doença podem ser resultado de
alterações genética, Síndrome de Down por exemplo; como ação contra certos elementos nocivos ao corpo, como uma
Asma desenvolvida por uma paciente a menores concentrações e uma substancia
química chamada de TDI. Como reação a ação de certos venenos, picadas de
peçonhentos etc.
Porém a grande gama de doenças
agudas e crônicas são causadas por doenças dinâmicas que alterando o indivíduo
comprometem a reação de adaptação do organismo ao universo obrigando a se
“improvisar” e isto gera a tensa mórbida ou Suscetibilidade mórbida.
É a grande maioria das doenças, realmente.
Nas outras podemos ajudar muito,
mas cura só prometemos nas doenças crônicas e agudas.
Fica difícil dizer se a
Homeopatia cura isto ou aquilo porque na verdade o que tratamos é aquilo que os
faz ficar doentes.
Mas generalizando, cura gastrite?
Sim, cura, porque a maioria das doenças é resultado da ação da doença crônica
dinâmica, e assim vai.
É difícil, e até mesmo impossível
querer comparar as terapêuticas com seu modo de atuar.
Se é difícil ajustar a ação do clínico
com o especialista imagina então do Homeopata para o especialista.
A Homeopatia é extremamente
eficaz contra as doenças crônicas num geral, sendo sua quase especialidade, mas
nela cada caso é um caso e a resposta é sempre individual.
Como clinico digo que, de todas
as terapêuticas existentes, a Homeopatia é muito eficaz e as vezes sua ação é
determinante para a sobrevida de um
cliente.
Nos casos incuráveis para
Homeopatia conseguimos melhorar o perfil deste doente. São casos raros, mas
existem.
Nos quadros agudos ela é mais
rápida e eficaz porém, por não ser paliativa os sintomas levam mais tempo para desaparecer.
Por exemplo, se eu tiver um
quadro de amigdalite aguda purulenta e usar a Homeopatia curará, sem
antibióticos, entre horas a três dias. Porém a febre ficará até a debelação da infecção (mais ou menos dois dias), a dor
até o fim da inflamação, mas subitamente o paciente melhora e esta pronto para
exercer suas atividades.
Nos quadros graves, como na
septicemia que fui chamado para dar apoio em uma UTI, quando a antibioticoterapia falhou, a cura
veio entre um a dois dias chamando a atenção dos colegas.
No Brasil a Medicina lembra a produção de
automóveis, e por outro lado, os nossos pacientes querem muitos exames e
imediatismo e avaliam muito mal o que se ganha com a cura. Na verdade nem
perguntam disso.
Fica então mais difícil se falar
em tratamentos para cura, ainda mais que a cultura do é bom para isto ou para
aquilo atrapalha qualquer um entender o que vem no cerne da ação pra se atingir
aquilo a que chamamos de saúde.
Antes era comum, na sua simplicidade
de ser brasileiro, pedir um remedinho bom para..., eram pessoas com baixa
escolaridade de uma simplicidade bela e espontânea.
Hoje pessoas com nível
universitário, doutorados, os “aculturados do século XXI” me pedem um remedinho
nas esquinas da vida, como se tudo fosse excessivamente simples.
O preço é que damos o tal
remedinho despretensioso e ele não funciona e disso decorre que a Homeopatia
não funciona ou não cura, o pior que eu não presto, sou um mal médico.
Mas, se falando seriamente, a terapêutica
médica homeopática, não só enriquece a clínica como é muito efetiva no tratar
as pessoas e dão um apoio extraordinário na manutenção da saúde e na sua
promoção.
Não cabe hoje fazer afirmações
especulativas sem verificar a fundo a questão. Na sua maioria, as pessoas possuem uma visão
distorcida da medicina e de seus assuntos.
CONCLUSÃO
Sim, a Homeopatia pode tratar
todas as doenças tratáveis pelo método homeopático, assim como a Alopatia pode
tratar todas as doenças tratáveis por ela.
O que dificulta a resposta é
exatamente querer fazer um paralelo entre as terapêuticas para medir
eficiência, porque a atuação depende da proposta de cada uma delas.
O enfoque muda de uma para outra.
Por exemplo, tratar uma gripe
para Homeopatia é entrar com uma medicação que através de sua ação resolvamos a
infecção viral, e não só tirar sintomas, ou manter os cuidados vitais.
No caso de um Hipertenso a
Homeopatia verá um doente que desenvolveu um quadro de hipertensão arterial.
Para a Alopatia há um a doença
Hipertensão Arterial Sistêmica a ser tratada.
Para Homeopatia deve-se tratar o
doente se quisermos que ele não tenha qualquer enfermidade crônica ou aguda,
seja ela Hipertensão arterial ou gripe, ou qualquer outra.
Já para a Alopatia, trataremos o
paciente hipertenso para baixar os níveis pressóricos sanguíneos.
Não há certo ou errado, há
posturas que caracterizam uma e outra terapêutica.
Há apenas uma medicina, isto tem que ficar
claro, e aqui falamos da comparação de duas terapêuticas com intuito
de verificar quem cura o que, duas dentro das cinco formas terapêuticas
tradicionais na medicina.