sábado, 14 de janeiro de 2017


Resultado de imagem para 1UMA DOSE ÚNICA?          



Uma senhora foi ao consultório passar em consulta.   
 

Foi prescrito para ela uma medicação, como de costume, uma dose única.

Passaram-se dez dias e ela liga-me dizendo que alguns sintomas aumentaram de intensidade.

Oriento-a quanto ao fato de ser normal, depois que se toma um medicamento homeopático, haver uma acentuação dos sintomas. Duram pouco tempo e deveria esperar um mais um “tempinho”.

Em vinte dias liga-me desesperada e peço que volte em consulta.

O QUADRO CLÍNICO: A DÚVIDA



Aparece no consultório com os olhos embasbacados como se estivesse em pânico. A face apresentava-se pálida onde brilhava gotículas de suor. A extremidade de suas mãos tremiam e seus movimentos eram rápidos.

A todo tempo suspirava e punha a mão no peito. Assim que sentou-se balançava as pernas sem parar e de tempo em tempo mudava sua posição na cadeira.

Volta e meia olhava ou para o relógio ou para a porta de saída.

Conta-me o que estava sentindo, de forma afobada, “atropelada” mesmo.

Depois de me falar tudo, acrescentando o sono ruim e de estar gritando à noite, ou resmungando, pergunto-lhe:  



- A senhora tomou a medicação como está na receita?


- Sim senhor, tomei o medicamento que o senhor prescreveu - responde balançando muito a cabeça em afirmação

Vejo e revejo as anotações da consulta dela e não encontro nada de errado, senão que os sintomas iniciais estavam aberrantes somados a uma série de outros sintomas novos, que mais ainda confirmavam o diagnóstico medicamentoso.

Pensei comigo que nunca tinha visto um caso de alguém assim tão sensível. Ver alguém desenvolver uma patogenesia assim tão intensa!

NÃO SÃO MINHAS REGRAS



Veio-me a cabeça um detalhe e pergunto-lhe:      



- A senhora tomou a dose única direitinho, não foi?


- Foi - respondeu com um olhar furtivo


- Uma só vez, como estava na receita, não foi? - volto a lhe perguntar.

Sorriu e não respondeu:


- Não foi… - repito novamente a pergunta agora devagarinho.

Ela sorriu de novo, olhou para diversas direções na sala. Parou um pouco a olhar o nada, virou-se para mim e diz:


- Tomei todos os dias, mas só uma vez. Doutor uma dose é muito pouco remédio! - afirma atrevidamente.

Me pareceu a uma criança fazendo suas artes.
 


Explico-lhe que ela piorou tanto assim porque tinha tomado medicamento demais, e com a expressão de espanto fala baixinho:


- Eu não sabia… - acho que o médico é a pessoa mais ajustada para saber isso, não? - Mas porque tem que ser do seu jeito, doutor, segundo suas regras? - ainda tenta mais um atrevimento.


- Não são minhas regras, apenas é assim que o corpo reage e a forma de medicar com a Homeopatia é da forma como eu fiz. Não fiz regas.

UMA VEZ MAIS



Em uma outra vez, um senhor me reclamou da agravação Homeopática que estava muito severa.

Novamente estranho a sensibilidade da pessoa.

Peço que volte e confirmo a severa agravação e fico sabendo que o paciente, ao invés de tomar o medicamento na trigésima dinamização hanemaniana, tomou na milésima.  


Questiono porque fez isso:


- Fui comprar o medicamento e, enquanto esperava ser atendido, vi a farmacêutica entregar um remédio na milésima potência. Pensei ser mais forte e portanto curaria mais rápido. Pedi a ela o meu medicamento na dinamização na milésima.

Rimos e fizemos piadas no final, sem não antes lhe explicar que potência do medicamento homeopático é um maneirismo, uma maneira de se dizer.

Que o número ali mostrava a dinamização, que significa o quanto o medicamento naquela dinamização tem menos sintomas comuns a outros tantos. Porque está livre dos sintomas comuns, o estímulo é mais específico e a resposta mais pronta e dinâmica.

Por isso não é conveniente fazer uma dose em altas dinamizações quando ela não se justifique clinicamente, sob o risco de grandes agravações ou acidentes, isso quando o remédio é o mais semelhante, o Simillimum.

A DOSE ÚNICA   


Normalmente quando trato um quadro crônico uso doses únicas.

Uma dose bem prescrita, segundo a semelhança mórbida, certamente provocará resposta efetiva o suficiente para uma ação curadora.

O que queremos é a resposta do sistema orgânico provocado pelo estímulo medicamentoso e não a quantidade de doses.

Precisamos de apenas uma só dose bem escolhida segundo a Lei dos Semelhantes.

Não é também a dinamização alta que melhora a resposta, que como a escolha do medicamento também individualizamos a dinamização.

Se a escolha seguir o princípio da semelhança, com certeza teremos uma boa resposta com apenas uma dose.

A exceção aparece em alguns casos sub-agudos e agudos, quando a dinamização muda, fica mais baixa, e pode aparecer as repetições.

Em casa, quando alguém faz uma enfermidade aguda, a segunda dose só será feita quando a primeira deixou de agir.

Mas ninguém tem um médico em casa, não é mesmo, daí a generalização das repetições.

Também, mesmo aqui, não se está livre de uma patogenesia devido a repetição.
  

A melhor forma de usar a medicação homeopática fica por conta da prescrição do médico, que tem inúmeras informações técnicas e pessoais capazes de, quando aplicada a técnica Homeopática, produzir uma resposta curadora o suficiente para livrar as pessoas das enfermidades.