terça-feira, 10 de maio de 2016




PORQUE ADOECEMOS


É comum se questionar o porquê adoecemos.
Por que algumas pessoas enfermam enquanto que outras têm uma vida longa sem doenças marcantes, apenas pequenos acidentes?
Ainda por que alguns envelhecem muito cedo enquanto outros, mesmo sendo senis, são ativos e gozam da liberdade da saúde?
Intriga a muitos o fato de algumas crianças não suportarem o inverno fazendo várias infecções bacterianas, virais, e mostrarem dificuldade com a estação. 

Imunidade baixa?
E mais uma vez, o por que outras pessoas que são sofredoras crônicas de uma neurose devido a história pregressa emocionalmente nociva enquanto outras, com muito mais motivos para desajustes emocionais, se mostram livres delas.
Alguns carregam transtornos após traumas psicoemocionais pela vida toda, que evoluí e exige acompanhamento psicoterápico e psiquiátrico. Outras pessoas, entretanto, apresentam histórias semelhantes e levam apenas uma má memória de um período ruim da vida, que precisam ser evocadas para virem a consciência.

Causa muita estranheza essa diferença entre a suscetibilidade individual.
Muitos justificam com teorias que buscam elucidar o porque nossa mente enferma. Até resgates de vidas passadas já ouvi, e outras como transtornos perispirituais, quebra do fluxo cósmico, transtornos dos signos astrológicos, carma, etc..
Mas há uma razão clara, que pode ser demonstrada facilmente.

UM SÓ CORPO, UMA SÓ UNIDADE


Nossa menor unidade de vida chama-se célula. As células do nosso organismo têm vida própria. Se estiverem em meio adequado sobrevivem sem nós. 


É a menor parte viva de nosso corpo e guarda uma individualidade como ser vivo.
No nosso corpo se especializam na formação dos tecidos e órgãos que se compõe em sistemas orgânicos complexos.
Esses sistemas se harmonizam na formação de um organismo vivo único.
Todas as nossas partes exatamente se compõem em uma unidade, não havendo nada no corpo que seja exceção, nem mesmo nossa mente.
Assim como a célula é uma unidade formada com organelas, nós também somos uma unidade formada por uma inteiração muito complexa de órgãos e sistemas para formar um indivíduo.

UMA DIVISÃO HISTÓRICA


Há um conceito que atravessa séculos que afirma que somos formados por corpo e mente (cabeça e corpo).
Não foi da A anatomia, mais corretamente Morfologia Interna, a divisão do corpo assim.
Ela realmente divide o corpo em partes a fim de sistematizar para estudo, mas na realidade somos uma unidade.

Assim, o corpo é divido pelos sistemas, cardiocirculatório, digestório, uro-excretor, nervoso, etc., que por sua vez, são englobados por um ainda maior que forma a unidade orgânica.
Cada sistema é formado pelos órgãos organizados em sua anatomia e função, e estes são formados por tecidos especializados como o tecido hepático, cardíaco, cerebral.
Esses tecidos têm células especializadas arquitetadas segundo as funções que desempenharão. Todas elas se desenvolvem das células embrionárias ectodérmicas, endodérmicas ou mesodérmicas.
Cada sistema tem sua função, cada função é interdependente de outros sistemas e suas outras funções.

Por exemplo, o sistema cardio-circulatório bombeia o sangue para o corpo através de artérias e veias, que levam nutrientes e retiram escórias para que o todo o organismo possa sobreviver.
Os nutrientes vêm do sistema digestório, que elaborados pelo fígado passam a servir a todas as células.
Também o oxigênio entra no sangue e daí para as células, pela ação do sistema respiratório que também elimina o gás carbônico (CO2).

O sistema neurológico vai controlar todo o organismo, manter a vida vegetativa ou autonômica e produzir outra função também nobre que é propiciar o aparecimento da mente que pode ajudar a compor o todo, a unidade.
Assim o sistema é um todo realmente, um INDIVÍDUO

Graças a riqueza das funções podemos verificar uma série de propriedades indispensáveis à vida nesse corpo humano, como a adaptabilidade, irritabilidade, a manutenção, e ainda produz a mente racional e autoconsciente.

A IDADE MÉDIA


Com o fim do império romano, a igreja prevaleceu como poder governante devido a sua estrutura organizacional romana num mundo desorganizado e caótico. Graças a isso manteve-se como poder governante.
Dominou por um milênio a sociedade humana no ocidente.
Nesse domínio, manteve a ignorância, parou a ciência e a medicina. Os preconceitos morais e religiosos, que consideravam sacrílega a dissecação de cadáveres retardaram o aparecimento de uma anatomia científica.
No século IX, o estudo do corpo humano voltou a interessar aos sábios, graças à escola médica de Salermo na Itália.
Pressões começaram a aparecer pela liberdade de aprendizagem em contraponto a verdade provinda da fé pura e inquestionável.

Os interessados na dissecação de cadáver faziam um peso enorme para a permissão junto ao clero, através da insubordinação. Por outro lado, os estudos Árabes das dissecações em cadáveres humanos disseminaram no meio médico da Europa incrementando o interesse pela anatomia humana.
O clima geral do Renascimento favoreceu o progresso dos estudos anatômicos.
Quando sua força já não era mais absoluta, a igreja cede para os estudos anatômicos, mas fez sua exigência: “a cabeça era da igreja”.
Assim nascia essa separação que gerou muitas e muitas derivações.
A mente não é nada mais que uma função do cérebro e depende da sua estrutura, função e inteireza. É disso que se ocupa a neurociência hoje quando estuda a mente humana.
O homem é um todo incrivelmente organizado; não há divisões, nem funções que se sobressaiam, mas sim uma unidade incrível.
Se apenas a membrana celular, um “órgão da célula”, deixar de funcionar, não haverá mais nada além da morte. Ela é apenas mais uma parte do todo, assim como também o resto indispensável da unidade.

CORPO HUMANO COMO UMA UNIDADE


Bem, tomando o fato do nosso corpo, o organismo vivo, ser um todo, podemos afirmar que somos um Indivíduo (Ser único de uma espécie). 

Para vermos suas propriedades voluntárias e involuntárias basta que se observe qualquer pessoa mergulhada no seu universo, no seu meio onde vive.
Responde a ele como um todo, uma unidade harmoniosa, com suas características definidas pela herança, raça e família.

O universo, por sua vez, esta em constante mutação, em constante movimento e mudança, e a parte que nos toca do universo, nosso universo particular, também assim está.
Se não nos adaptássemos não duraríamos muito; para existir é necessário que isso ocorra.
O corpo como está mergulhado nesse universo se vê na necessidade de adaptar-se as mudanças universais que lhe tocam para que possa ter um equilíbrio dinâmico satisfatório à continuidade da vida.
Se não existisse um corpo organizado como uma unidade não haveria adaptação. Graças a sermos harmoniosamente composto como uma unidade, portanto, sobrevivemos e mantemos uma inter-relação ativa com o meio produzindo um equilíbrio dinâmico que garante a nossa permanência no universo, como seres vivos e organizados.

O DESEQUILÍBRIO

Portanto, nosso corpo é um todo que está eternamente se adaptando ao meio que muda constantemente e eternamente. Essa peculiaridade chama-se Dinamismo Vital.
Se essa unidade sofrer a perda dessa inteireza, passará a não se adaptar a contento e por certo apresentará uma inadaptação ao universo.
Diante disso, o corpo se "arranja" para não se desorganizar gerando uma "tensão mórbida" que cria dificuldades para o corpo. 

Essa tensão mórbida em pontos fracos do nosso sistema orgânico (órgãos ou sistema alvo) provoca o aparecimento da susceptibilidade a enfermar, se desajustar. Assim passa a se mostrar vulnerável a vários fatores do nosso meio.
As doenças, as enfermidades,  que são facilmente perceptíveis, é a manifestação final da inadaptação. 

Nossas vulnerabilidades, nossas fraquezas dependem desse estado de alteração do dinamismo entre o indivíduo e o seu universo.
Os sintomas mórbidos nos revelam essa situação enfermiça e os sintomas do homem como um todo a alteração do indivíduo adaptado inadequadamente e desorganizado por isso.

O humano não adaptável é um indivíduo caminhando à dissociação das partes, da perda da harmonia e estrutura que forma o todo.
Enquanto houver uma certa integridade, uma quantidade de energia, viver-se-há, mas com o passar do tempo o corpo será mais e mais comprometido até o lamentável fim que a doença nos traz.
Quando interagimos adequadamente estamos sempre harmonizados como um individuo e este com o meio.

RESUMINDO


Graças a sua inteireza, um ser humano existe porque é capaz de manter um equilíbrio dinâmico na inter-relação com o meio, o universo, que muda a toda hora.

A VULNERABILIDADE – A SUSCETIBILIDADE


Bem, a pessoa sadia vive naturalmente independente de sua idade.

É certo que morremos depois de algum tempo, mas o sadio vive até o seu último instante assim. Seu sistema é capaz de adaptar as mudanças do meio e assim continuar vivo.
Se sua adaptação está comprometida, veremos então o aparecimento da susceptibilidade a adoecer, a não se adaptar e a gerar tensões que obrigarão o corpo a improvisar para se manter vivo.
Potencialmente é um ser em risco de se desorganizar e morrer.
Nosso corpo tem um projeto, um mapa genético que nos forma com características diversas.

Alguns têm estruturas corpóreas naturais aptas para resistir melhor que outros a certos limites da resistência humana na Terra. Mas isto só ocorre se sadios, mantêm a inteireza do organismo e conseguirão adaptar-se ao meio.

Alguns vivem em meios mais hostis, outros em meios mais ideais para a vida. Dentro dos limites da vida dos seres humanos sobreviverão se mantiverem a saúde, que nada mais é que o resultado da adaptação perfeita ao universo onde somos incluídos.
Então, alguns geneticamente herdarão uma maior capacidade de adaptação a meios extremos para humanidade, e outros não. Os mais providos geneticamente se adaptarão mais rápido ou melhor que os não bem dotados com essa propriedade herdada. Mas ambos se adaptarão por estarem sadios.
Logicamente, os mais providos para viver nesses extremos sobreviverão com mais facilidade e suplantarão os demais não tão bem equipados, mas ambos sobreviverão adaptados ao meio.
Porém, se há a susceptibilidade decorrente da desorganização do organismo como um todo, o indivíduo está disposto a adoecer.
Fato este que faz a diferença entre os indivíduos, o porque uns adoecem mais outro menos e outros ainda, não adoecem.
Todos sentirão o calor extremo, mas só os que apresentam a adaptabilidade íntegra equilibrarão a contento.

Concluindo então, dentro de nossas vulnerabilidades, derivadas da grande variação humana, devido a origem gênica, suportaremos melhor um meio ou não. Mas se suscetíveis, devido a quebra da nossa adaptabilidade, então adoeceremos ao ambiente mesmo longe de extremos.
E podemos adoecer e o fazemos como um todo, da mesma forma que somos um todo, apresentando mudanças nas nossas funções, e isso não exclui a mente como uma função do corpo.
Daí falarmos que o homem quando adoece o faz como um todo, e assim o devemos tratá-lo também. Não com a soma de medicamentos para diversas queixas de órgãos ou sistemas, mas um medicamento para  a causa fundamental que faz com que as pessoas enfermem.

“ERGONOMIA” DO SISTEMA ORGÂNICO


Temos um “fôlego” para a vida e a partir de um ponto na nossa vida começamos a nos desgastar e envelhecer.

Se o resultado do consumo e da manutenção do organismo se mostrar aceitável veremos um envelhecimento saudável e lento.
Todo o corpo se adapta também ao envelhecimento e ainda nos prepara para uma vida de restrição da senilidade e o encerramento dela.
Porém, se há a susceptibilidade decorrente da desorganização do organismo como um todo, o indivíduo estará disposto a adoecer. E as enfermidades limitarão os velhos, tirarão seu prazer em viver e a dignidade pessoal.
Isto é o que faz a diferença entre os indivíduos, o porque uns adoecem mais enquanto outros menos e até há quem não adoecem. Uns apresentem a longevidade saudável enquanto outros, enfermos dinâmicos, terão um final de vida lamentavelmente miserável.
O sistema inadaptado gastará mais energia e si próprio que o necessário para se manter equilibrado. 

É claro que vida saudável, em ambiente saudável, poupará energia, mas mesmo dentro daquelas boas condições a inadaptabilidade levará ao autoconsumo. Isto é o diferencial entre envelhecer sadio ou não, de viver com plenitude e liberdade ou não.
Lógico também que há uma característica herdada para longevidade, mas, por outro lado, é franco observar a má evolução pela dinâmica mórbida de um ser com a alteração no seu dinamismo vital (indivíduo/meio).
Com mais gastos, envelhecemos mais cedo e pior.
Um indivíduo saudável e bem locado no seu meio será suficiente para que mostre o máximo que sua estrutura possa mostrar.

Exemplos:

Quem não viu crianças adoecerem quando muda o tempo? São incapazes de se adaptar a mudança de tempo a ponto de ficarem susceptíveis a adoecer.
Quantas famílias mostram um indivíduo com desajustes psíquicos decorrentes de um passado ruim enquanto outros membros da mesma família não se alteram.
O sistema gastará mais que o necessário para se manter se não estiver respondendo com inteireza. 

Um indivíduo saudável e bem locado no seu meio será suficiente para que mostre o máximo que sua estrutura possa mostrar.  
Tratamos o doente e este indivíduo, antes vulnerável, psiquicamente se mostrará igual aos outros que são normais.
Veio em meu consultório uma moça que tinha vindo morar com a irmã para estudar aqui em Campinas.
Era portadora de Úlcera Péptica Duodenal que lhe gerava muitos aborrecimentos e limitações. Tentou se tratar e não obteve resultado na época, quando nos procurou.
Na verdade mostrava um grave ressentimento pela sua experiência de ser criada com um pai alcoólatra, que ficava violento quando alcoolizado.
A irmã tinha tido a mesma história, mas uma vez que tinha mudado para cá, se casado, e tido filhos, este fato não era senão que uma lembrança desagradável.

Mas minha paciente, vivia do sofrimento do passado que era um eterno presente não conseguindo se desvencilhar desse infortúnio que viveu.
Tratada, suas queixas físicas sumiram e sua mente ficou livre do sofrimento e das sequelas do passado. Passou a se adaptar bem ao seu universo e a ter uma vida plena e feliz, provinda da satisfação de viver.
As queixas desapareceram porque sua desarmonia, que gerava a susceptibilidade a enfermar, havia sido corrigida.
Enfermamos porque estamos doentes num sentido mais profundo. O indivíduo como um todo, mente e corpo, a unidade vital que somos,  mostrando-se doente dinamicamente enferma.

A inadaptação ao universo que muda a todo instante gera todos os transtornos humanos no campo das doenças crônicas e agudas.

E a causa da não adaptação ao universo pessoal do doente é o objetivo a que se dirige a Homeopatia quando falamos em cura definitiva, rápida e suave do doente.