quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A SAÚDE, A DOENÇA E A MORTE


Não me atrevo aqui discutir se podemos ou não ser imortais.
O fato é que duramos certo tempo e morremos.
Muitos sofrem intensamente antes de morrer por doenças e limitações mórbidas humilhantes.
São pessoas que fizeram carreira numa doença crônica que, evoluindo, lhe consumiram tudo o que tinham de digno, diante da definição de um ser humano, ou morrem repentinamente apesar de tratamentos bem adequados, depois de uma vida abreviada pela evolução da enfermidade.
Uma vida assim sem qualidade seguiu até ser decepada pela morte repentina.
Outros, ao contrário, as limitações que experimentam são os impostos pela idade, andam mais devagar, a postura se altera, a capacidade vital diminui, mas vivem uma vida plena e satisfatória, com realizações adequadas para sua idade, seu sexo e seu tempo.
E quando morrem ou vão morrer, são conscientes do seu fim, estão prontos para isso, nos avisam e vão devagar decrescendo nas suas atividades vitais até a morte, que é tranquila junto aos seus queridos.
É a assinatura de uma vida plena e feliz, onde a saúde se sobressai.
Tiveram, como todos nós temos, dificuldades diversas, mas foi capaz de supera-las e até crescer com elas.
Para uns é motivo de manifestar uma enfermidade, para eles é algo transitório a ser superado.
Fluem como um rio no seu leito.
E o rio também chega ao mar onde ele desaparece.
Quando doentes, sofrem as limitações de enfermidades físicas aniquilantes e que lhes custará a vida, depois de muito consumo de si mesmo pela doença.
É acabar, é ser liquidado por assim dizer.
Quando sadios, todo um processo se desenrola preparando-os para um fim não enfermiço, e tudo se esvai sem patologias, apenas uma máquina humana acaba se desligando e a viva cessa.
Fica muito difícil fazer um atestado de óbito porque não há uma enfermidade de base, não há uma doença fatal, não se tem um CID, Código Internacional da Doença, para se justificar.
Apenas tranquilamente encerra-se a vida.
É muito diferente para os parentes próximos assistir a morte de uma pessoa sadia e a de uma doente.
Numa há o finalizar uma vida onde o sofrimento muitas vezes é a saudade antecipada.
Na segunda, há quase que um horror, há uma penalização de quem acompanha, muito angustia e nos impressionamos com o que vemos. 

Fazem-nos a ficar com medo de passarmos pela mesma situação. Não é incomum ouvir-se que teme-se o sofrimento e não a morte.
Não tenho ainda muitos pacientes mortos dos que acompanho.
Tenho muitos longevos ativos e saudáveis, graças a Deus.
As duas pacientes que tive e que passaram pelo óbito foram descritas mais acima.
Eram duas senhoras muito ativas e felizes, que um dia “resolveram” morrer.
Lógico que não resolveram, mas perceberam seu fim e estavam prontas para seu fim.
Consolaram seus parentes amados, arrumaram tudo, e uma delas até piada fazia.
Ambas tiveram o seu final de forma digna, sem patologia, sem sofrimento.
É tão difícil de ver este fato que não concebemos como uma pessoa pode morrer sem estar doente.
Para a maioria morremos porque um dia enfermamos, agravamos e daí sim, com o corpo castigado, extenuado vem o fim.
Mas os saudáveis também morrem, mais dignamente é lógico, mas também vão ter um fim em certo dia. 
 A Homeopatia permite que as pessoas tenham a oportunidade de enfrentar o encerrar de suas vidas de forma saudável. Permite que, no epílogo de suas vidas, vivam com dignidade. 
Em uma reciclagem médica recente vi estudos que remetem a certas substâncias que prometem uma velhice sem patologias.
O ponto crucial do estudo é que o idoso não apresente nenhuma enfermidade ou pequenos acidentes e que possam como um todo manter-se equilibrados.
Até o termo homeopático “tratar o homem como um todo” pode ser notado durante a exposição do tratado.
Quando o indivíduo esta doente é o todo quem esta doente.
E é bem isso.
Tratamos a pessoa como um todo, eliminando a doença dinâmica que gera várias patologias, e depois a mantemos sadia como um todo, até que sua vida venha ao seu fim e possa morrer de forma saudável sem sofrimentos.
Não entendo a imortalidade, mas também não entendo viver sofrendo e as mortes prematuras por doenças também. 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Supressão Mórbida



Quando se está em um tratamento Homeopático é comum ser advertido para não tratar uma erupção da pele que possa aparecer.

Perguntamos o porquê e recebemos como uma resposta que é para não causar uma supressão mórbida e poder causar com isso uma metástase mórbida.  

Dizem, vulgarmente, que é para a doença não entrar no organismo.

Nossos pacientes diante disso respondem:

- Ahh, tá.

Ficam no ar, e imediatamente recebem a informação que podem agravar tudo e até morrer.

Vamos ver como isso realmente é, em poucas palavras assertivas que deixem isso claro.

METÁSTASE MÓRBIDA UM FATO NATURAL

Todos os clínicos já observaram muitas vezes um fenômeno que acontece em alguns enfermos que é a mudança de uma patologia de um local para o outro.

O exemplo mais comum disso é, por exemplo, quando uma pessoa tem uma infecção de garganta, e melhorando aparece com uma infecção urinária, uma pielonefrite, doença infecciosa do rim.

Há muitos e muitos casos parecidos, às vezes sofisticados, que mostram que um transtorno mórbido pode aparecer em outro local, como consequência da supressão do primeiro, como uma complicação ou por uma evolução ruim de um tratamento.

Não é incomum, embora não frequente que ao tratar alguns reumatismos articulares desenvolva uma endocardite, inflamação da mucosa do coração enquanto observamos uma melhora da artrite reumatismal.

Se formos estudar bem as metástases mórbidas veremos que são muito mais frequentes do que acreditamos, e comumente levam o nome de complicações, recaídas e as vezes até de um novo mal.

Com a observação clínica cuidadosa da para se definir estes quadros metastáticos e ao observa-los aprende-se a contornar certas atitudes médicas supressivas para evitar desencadear uma metástase mórbida em quem tratamos, algumas vezes letais.

É fato que uma moléstia possa involuir e logo em seguida aparecer outra manifestação à distância do órgão da primeira manifestação.

Muitas vezes mesmo, observa-se até uma alternância de sintomas ou afecções em órgãos distintos.

Quando a metástase se produz na psique fica muito mais difícil de avaliar, principalmente quando o observador não tiver sido treinado com uma visão mais clínica e sistêmica do organismo.

METÁSTASE MÓRBIDA  PROVOCADA

Assim como as metástases naturais há outras que são provocadas por atos médicos e demais atitudes com intensão de curar.     


Ninguém na verdade quer que isso ocorra.

O alérgico é o exemplo típico deste acidente.   

Vou contar um caso que aconteceu com um garotinho.

Ele tinha crises de Asma com muitos chiados, algumas internações, um quadro persistente e com crises de broncoespasmo  progressivamente piores.

Começamos o tratamento e logo ele passou a respirar melhor e as crises sumiram.

Um tempo depois, começou a apresentar uma dermatite nas dobras do joelho e cotovelo, as pontas dos dedos secaram e apareceram fissuras pequenas.

A mãe ficou desesperada, queria que eu tratasse imediatamente as lesões da pele e, por mais que explicasse, não conseguia entender que era um momento da cura e se fizéssemos algo poderia ser ruim para o garoto.

Resolveu então ir a um colega para fazer exames pelo menos, porque não podia tolerar aquelas lesões na pele do garotinho. 

Fizeram exames e nada digno de nota se observou e o colega prescreveu um tratamento  para a pele.

Um tempo depois ela resolve ir ao consultório novamente para que eu curasse a asma do filho que tinha voltado e muito mais intensa desta vez.

- Mas se eu medicar vai voltar a lesão da pele – falo apontando para o cotovelo do garoto. Eu ficara sabendo que ela havia tratado a pele de seu filho.

- Mas não da para tratar os dois? – me pergunta

- Não da, porque quando tratamos um doente o fazemos tratando o indivíduo como um todo  e não na Asma ou o Eczema. Tratamos aquilo que leva a criança a enfermar. Nós tentamos retirar a interferência que altera sua dinâmica vital que o faz ficar doente. O corpo , muitas vezes, superficializa a tensão mórbida como pequenas patologia de pele e fâneros, unhas, cabelo, etc. quando não desenvolve exonerações como diarreia , transpiração e urina alterada.

- Então faça aparecer outra coisa no lugar da pele – me interrompe.

É muito comum a preocupação com aparência ser mais preocupante para seus parentes que uma doença mais grave.

Mas me esforço em explicar-lhe como isso funciona, até que me diz:

- Então fui eu a culpada por ter voltado a asma dele?


- Vamos dizer que a questão não é culpa, mas a senhora com o tratamento da pele impediu que o corpo organizasse o processo de cura. Se tivesse deixado a cura seguir seu curso no final não haveria mais a susceptibilidade mórbida, nem asma e nem eczema, e seu filho estaria realmente sadio,  não teria mais limitações devido a qualquer doença – explico-lhe. 
Parece que a ideia de que a volta dos sintomas  tinham sido provocado pela supressão mórbida devido ao tratamento aplicado na pele, a convenceu a deixar o tratamento fluir mesmo com essa fase de erupções na pele.

Como havia dito a ela, o garoto se cura, não sem antes da erupção reaparecer e ficar por lá até que desapareceram por completo.

O garoto nunca mais sofreu com a asma, eczema e até gripes ficou difícil dele ter.

Cresceu, e hoje é um homem homem e sadio.

Recentemente atendo o filhinho do seu irmão que apresenta uma Bronquite Asmática, mais leve a que ele teve e descubro que seu irmão apresentou uma renite alérgica na adolescência. Estes quadros alérgicos são de natureza familiar.

Muitas vezes um tratamento supressivo pode provocar uma metástase mórbida, e tornar o doente pior do que quando com a enfermidade suprimida.

Uma história clínica bem tirada pode mostrar esse fato.