A SAÚDE, A DOENÇA E A MORTE
Não
me atrevo aqui discutir se podemos ou não ser imortais.
O
fato é que duramos certo tempo e morremos.
São
pessoas que fizeram carreira numa doença crônica que, evoluindo, lhe consumiram
tudo o que tinham de digno, diante da definição de um ser humano, ou morrem
repentinamente apesar de tratamentos bem adequados, depois de uma vida
abreviada pela evolução da enfermidade.
Uma
vida assim sem qualidade seguiu até ser decepada pela morte repentina.
Outros,
ao contrário, as limitações que experimentam são os impostos pela idade, andam
mais devagar, a postura se altera, a capacidade vital diminui, mas vivem uma
vida plena e satisfatória, com realizações adequadas para sua idade, seu sexo e
seu tempo.
E
quando morrem ou vão morrer, são conscientes do seu fim, estão prontos para
isso, nos avisam e vão devagar decrescendo nas suas atividades vitais até a
morte, que é tranquila junto aos seus queridos.
Tiveram,
como todos nós temos, dificuldades diversas, mas foi capaz de supera-las e até
crescer com elas.
Para
uns é motivo de manifestar uma enfermidade, para eles é algo transitório a ser
superado.
Fluem
como um rio no seu leito.
E o
rio também chega ao mar onde ele desaparece.
Quando
doentes, sofrem as limitações de enfermidades físicas aniquilantes e que lhes
custará a vida, depois de muito consumo de si mesmo pela doença.
É
acabar, é ser liquidado por assim dizer.
Quando
sadios, todo um processo se desenrola preparando-os para um fim não enfermiço,
e tudo se esvai sem patologias, apenas uma máquina humana acaba se desligando e
a viva cessa.
Fica
muito difícil fazer um atestado de óbito porque não há uma enfermidade de base,
não há uma doença fatal, não se tem um CID, Código Internacional da Doença,
para se justificar.
Apenas
tranquilamente encerra-se a vida.
É
muito diferente para os parentes próximos assistir a morte de uma pessoa sadia
e a de uma doente.
Numa
há o finalizar uma vida onde o sofrimento muitas vezes é a saudade antecipada.
Na
segunda, há quase que um horror, há uma penalização de quem acompanha, muito
angustia e nos impressionamos com o que vemos.
Fazem-nos
a ficar com medo de passarmos pela mesma situação. Não é incomum ouvir-se que
teme-se o sofrimento e não a morte.
Não
tenho ainda muitos pacientes mortos dos que acompanho.
Tenho
muitos longevos ativos e saudáveis, graças a Deus.
As
duas pacientes que tive e que passaram pelo óbito foram descritas mais acima.
Eram
duas senhoras muito ativas e felizes, que um dia “resolveram” morrer.
Lógico
que não resolveram, mas perceberam seu fim e estavam prontas para seu fim.
Consolaram
seus parentes amados, arrumaram tudo, e uma delas até piada fazia.
Ambas
tiveram o seu final de forma digna, sem patologia, sem sofrimento.
É
tão difícil de ver este fato que não concebemos como uma pessoa pode morrer sem
estar doente.
Para
a maioria morremos porque um dia enfermamos, agravamos e daí sim, com o corpo
castigado, extenuado vem o fim.
A Homeopatia permite que as pessoas tenham a
oportunidade de enfrentar o encerrar de suas vidas de forma saudável. Permite
que, no epílogo de suas vidas, vivam com dignidade.
Em
uma reciclagem médica recente vi estudos que remetem a certas substâncias que
prometem uma velhice sem patologias.
O
ponto crucial do estudo é que o idoso não apresente nenhuma enfermidade ou
pequenos acidentes e que possam como um todo manter-se equilibrados.
Até
o termo homeopático “tratar o homem como
um todo” pode ser notado durante a exposição do tratado.
Quando o indivíduo esta doente é o todo quem esta
doente.
E é
bem isso.
Tratamos
a pessoa como um todo, eliminando a doença dinâmica que gera várias patologias,
e depois a mantemos sadia como um todo, até que sua vida venha ao seu fim e
possa morrer de forma saudável sem sofrimentos.
Não
entendo a imortalidade, mas também não entendo viver sofrendo e as mortes
prematuras por doenças também.