UMA DOSE ÚNICA?
Uma senhora foi ao consultório passar em consulta.
Foi prescrito para ela uma medicação, como de costume, uma dose única.
Passaram-se dez dias e ela liga-me dizendo que alguns sintomas aumentaram de intensidade.
Oriento-a quanto ao fato de ser normal, depois que se toma um medicamento homeopático, haver uma acentuação dos sintomas. Duram pouco tempo e deveria esperar um mais um “tempinho”.
Em vinte dias liga-me desesperada e peço que volte em consulta.
O QUADRO CLÍNICO: A DÚVIDA
Aparece no consultório com os olhos embasbacados como se estivesse em pânico. A face apresentava-se pálida onde brilhava gotículas de suor. A extremidade de suas mãos tremiam e seus movimentos eram rápidos.
A todo tempo suspirava e punha a mão no peito. Assim que sentou-se balançava as pernas sem parar e de tempo em tempo mudava sua posição na cadeira.
Volta e meia olhava ou para o relógio ou para a porta de saída.
Conta-me o que estava sentindo, de forma afobada, “atropelada” mesmo.
Depois de me falar tudo, acrescentando o sono ruim e de estar gritando à noite, ou resmungando, pergunto-lhe:
- A senhora tomou a medicação como está na receita?
- Sim senhor, tomei o medicamento que o senhor prescreveu - responde balançando muito a cabeça em afirmação
Vejo e revejo as anotações da consulta dela e não encontro nada de errado, senão que os sintomas iniciais estavam aberrantes somados a uma série de outros sintomas novos, que mais ainda confirmavam o diagnóstico medicamentoso.
Pensei comigo que nunca tinha visto um caso de alguém assim tão sensível. Ver alguém desenvolver uma patogenesia assim tão intensa!
NÃO SÃO MINHAS REGRAS
Veio-me a cabeça um detalhe e pergunto-lhe:
- A senhora tomou a dose única direitinho, não foi?
- Foi - respondeu com um olhar furtivo
- Uma só vez, como estava na receita, não foi? - volto a lhe perguntar.
Sorriu e não respondeu:
- Não foi… - repito novamente a pergunta agora devagarinho.
Ela sorriu de novo, olhou para diversas direções na sala. Parou um pouco a olhar o nada, virou-se para mim e diz:
- Tomei todos os dias, mas só uma vez. Doutor uma dose é muito pouco remédio! - afirma atrevidamente.
Me pareceu a uma criança fazendo suas artes.
Explico-lhe que ela piorou tanto assim porque tinha tomado medicamento demais, e com a expressão de espanto fala baixinho:
- Eu não sabia… - acho que o médico é a pessoa mais ajustada para saber isso, não? - Mas porque tem que ser do seu jeito, doutor, segundo suas regras? - ainda tenta mais um atrevimento.
- Não são minhas regras, apenas é assim que o corpo reage e a forma de medicar com a Homeopatia é da forma como eu fiz. Não fiz regas.
UMA VEZ MAIS
Em uma outra vez, um senhor me reclamou da agravação Homeopática que estava muito severa.
Novamente estranho a sensibilidade da pessoa.
Peço que volte e confirmo a severa agravação e fico sabendo que o paciente, ao invés de tomar o medicamento na trigésima dinamização hanemaniana, tomou na milésima.
Questiono porque fez isso:
- Fui comprar o medicamento e, enquanto esperava ser atendido, vi a farmacêutica entregar um remédio na milésima potência. Pensei ser mais forte e portanto curaria mais rápido. Pedi a ela o meu medicamento na dinamização na milésima.
Rimos e fizemos piadas no final, sem não antes lhe explicar que potência do medicamento homeopático é um maneirismo, uma maneira de se dizer.
Que o número ali mostrava a dinamização, que significa o quanto o medicamento naquela dinamização tem menos sintomas comuns a outros tantos. Porque está livre dos sintomas comuns, o estímulo é mais específico e a resposta mais pronta e dinâmica.
Por isso não é conveniente fazer uma dose em altas dinamizações quando ela não se justifique clinicamente, sob o risco de grandes agravações ou acidentes, isso quando o remédio é o mais semelhante, o Simillimum.
A DOSE ÚNICA
Normalmente quando trato um quadro crônico uso doses únicas.
Uma dose bem prescrita, segundo a semelhança mórbida, certamente provocará resposta efetiva o suficiente para uma ação curadora.
O que queremos é a resposta do sistema orgânico provocado pelo estímulo medicamentoso e não a quantidade de doses.
Precisamos de apenas uma só dose bem escolhida segundo a Lei dos Semelhantes.
Não é também a dinamização alta que melhora a resposta, que como a escolha do medicamento também individualizamos a dinamização.
Se a escolha seguir o princípio da semelhança, com certeza teremos uma boa resposta com apenas uma dose.
A exceção aparece em alguns casos sub-agudos e agudos, quando a dinamização muda, fica mais baixa, e pode aparecer as repetições.
Em casa, quando alguém faz uma enfermidade aguda, a segunda dose só será feita quando a primeira deixou de agir.
Mas ninguém tem um médico em casa, não é mesmo, daí a generalização das repetições.
Também, mesmo aqui, não se está livre de uma patogenesia devido a repetição.
A melhor forma de usar a medicação homeopática fica por conta da prescrição do médico, que tem inúmeras informações técnicas e pessoais capazes de, quando aplicada a técnica Homeopática, produzir uma resposta curadora o suficiente para livrar as pessoas das enfermidades.
Amo e confio em suas doses de cura!
ResponderExcluirPor favor, existe algum remédio preventivo da febre amarela?
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