O QUE A HOMEOPATIA TRATA
Quando tratamos as pessoas com a Homeopatia, não tratamos uma parte do
corpo que esteja enferma, e nem sequer uma doença específica, tratamos aquilo
que leva as pessoas a ficarem suscetíveis a enfermar.
Portanto, a partir desta suscetibilidade a enfermar, é que se
desenvolve a maioria das doenças crônicas que nos afetam.
Na verdade, é uma questão de “desadaptação”.
Vivemos mergulhados no universo e mantemos com ele uma inter-relação de
uma dinâmica formidável.
O universo pessoal, a parte do universo com que entramos em contato,
muda a todo o momento, e nós mudamos também como consequência dessa mudança,
para nos adaptar a ele.
Dessa interação, resulta um equilíbrio dinâmico, que deverá ser tal que
possibilite a continuidade da vida.
Ele será perpetuamente dinâmico, e isso garante a inteireza de todo o
sistema de vida. (Dinamismo de vida de Hahnemann )
Dessa forma, então, é que o corpo acompanha as mudanças do nosso meio,
e nos mantemos íntegros e vivos, tudo isso, é lógico, dentro da capacidade
humana de responder.
Há uma parte do nosso organismo que controla todo o nosso sistema, nos
integra para formar uma unidade, apesar de sermos formados por partes. E essa
unidade interage com o universo, buscando sempre a adaptação, o equilíbrio.
É o Sistema de Vida Vegetativo, formado por várias unidades de
controles integradas, através de varias organelas e sistemas de controle, como
os gânglios e centros nervosos autônomos.
Todo esse sistema é muito complexo, e, no sentido geral do termo, é
formado por um aparelho Sensitivo, outro Processador e por outro, ainda,
Efetor: todos eles trabalham formando um sistema integrado, que percebe a
situação do corpo no universo, processa a informação e finalmente efetua uma
série de ações que mudarão a situação do corpo no meio em que vivemos.
Dessa forma, é possível ao organismo responder a uma ação do meio, aos
moldes do binômio estímulo/resposta.
O sistema que percebe a situação do corpo no universo lança mão de
todas as informações provindas dos terminais sensitivos nervosos do corpo
humano, dos órgãos sensitivos e até das informações provindas da consciência.
Após processadas essas informações, o sistema orgânico efetua as
primeiras respostas através da ação “estímulo/inibição” sobre centros
neuroendócrinos específicos que, se desdobrando, vão criando uma cascata de
novos estímulos e ações, ou estímulos do tipo “galhos de árvore”, que ganham
complexidade e dão o que percebemos como resposta do corpo humano.
Ocorre uma mudança da situação do corpo em relação ao universo, e uma
nova realidade é criada quando, e novamente, o sistema de vida vegetativo
percebe a situação, processa e efetua uma nova resposta, isto num ato sem fim,
e de uma dinâmica admirável[i].
Dessa inter-relação dinâmica surge um equilíbrio também dinâmico, que
precisa ser compatível com a continuidade da vida, gerando o silêncio orgânico,
a que chamamos de saúde.
Quando adoecemos, é esse sistema de vida vegetativo que adoece,
quebrando o equilíbrio dinâmico (da interação entre o ser e o meio).
A dinâmica original assim quebrada dá origem a uma série de eventos
mórbidos e distúrbios funcionais, criando vulnerabilidades e potencialidades a
adoecer, a que, como um todo, chamamos, na Homeopatia, de “Suscetibilidade
Mórbida”.
Isso obriga o organismo a reagir para tentar impor o equilíbrio
dinâmico, sob o risco, se não o fizer, de desorganizar e morrer.
Muitas vezes, impossibilitado de
restaurar a originalidade da inteiração, cria-se um novo estado, este imperfeito
e com grande dispêndio de energia.
Dessa situação nascem as tensões mórbidas, que acabarão por produzir
aquilo que vemos como enfermidade ou desadaptação.
A suscetibilidade a adoecer coloca os órgãos e sistemas predispostos na
probabilidade de gerar distúrbios e doenças como as conhecemos vulgarmente.
Pode o organismo se mostrar mais ou menos acometido, e estará também
mais ou menos vulnerável ao meio em que vive.
Essa alteração no dinamismo de vida é de natureza evolutiva, e
apresentará a suscetibilidade a adoecer de forma mais grave no passar do tempo.
Esse quadro evolutivo depende das condições ambientais, do padrão de
vida do indivíduo e de sua vitalidade, que poderão oferecer maior ou menor
resistência à evolução do desequilíbrio dinâmico.
Em decorrência disso, podemos dizer que, quando apresentamos toda a
sintomatologia de uma enfermidade orgânica, bem antes desses eventos aparecerem
já nos encontrávamos doentes, porém dinamicamente.
A enfermidade é o efeito terminal de uma doença que, preexistente,
evolui até o quadro somático que vemos no momento.
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