segunda-feira, 1 de junho de 2015


         O QUE HOMEOPATIA TRATA 


Quando tratamos as pessoas com a Homeopatia, não tratamos uma parte do corpo que esteja enferma, e nem sequer uma doença específica, tratamos aquilo que leva as pessoas a ficarem suscetíveis a enfermar.
Portanto, a partir desta suscetibilidade a enfermar, é que se desenvolve a maioria das doenças crônicas que nos afetam.
Na verdade, é uma questão de “desadaptação”.
Vivemos mergulhados no universo e mantemos com ele uma inter-relação de uma dinâmica formidável.
O universo pessoal, a parte do universo com que entramos em contato, muda a todo o momento, e nós mudamos também como consequência dessa mudança, para nos adaptar a ele.
Dessa interação, resulta um equilíbrio dinâmico, que deverá ser tal que possibilite a continuidade da vida.
Ele será perpetuamente dinâmico, e isso garante a inteireza de todo o sistema de vida. (Dinamismo de vida de Hahnemann )
Dessa forma, então, é que o corpo acompanha as mudanças do nosso meio, e nos mantemos íntegros e vivos, tudo isso, é lógico, dentro da capacidade humana de responder.
Há uma parte do nosso organismo que controla todo o nosso sistema, nos integra para formar uma unidade, apesar de sermos formados por partes. E essa unidade interage com o universo, buscando sempre a adaptação, o equilíbrio.

É o Sistema de Vida Vegetativo, formado por várias unidades de controles integradas, através de varias organelas e sistemas de controle, como os gânglios e centros nervosos autônomos.
Todo esse sistema é muito complexo, e, no sentido geral do termo, é formado por um aparelho Sensitivo, outro Processador e por outro, ainda, Efetor: todos eles trabalham formando um sistema integrado, que percebe a situação do corpo no universo, processa a informação e finalmente efetua uma série de ações que mudarão a situação do corpo no meio em que vivemos.
Dessa forma, é possível ao organismo responder a uma ação do meio, aos moldes do binômio estímulo/resposta.
O sistema que percebe a situação do corpo no universo lança mão de todas as informações provindas dos terminais sensitivos nervosos do corpo humano, dos órgãos sensitivos e até das informações provindas da consciência.
Após processadas essas informações, o sistema orgânico efetua as primeiras respostas através da ação “estímulo/inibição” sobre centros neuroendócrinos específicos que, se desdobrando, vão criando uma cascata de novos estímulos e ações, ou estímulos do tipo “galhos de árvore”, que ganham complexidade e dão o que percebemos como resposta do corpo humano.

Ocorre uma mudança da situação do corpo em relação ao universo, e uma nova realidade é criada quando, e novamente, o sistema de vida vegetativo percebe a situação, processa e efetua uma nova resposta, isto num ato sem fim, e de uma dinâmica admirável[i].
Dessa inter-relação dinâmica surge um equilíbrio também dinâmico, que precisa ser compatível com a continuidade da vida, gerando o silêncio orgânico, a que chamamos de saúde.
Quando adoecemos, é esse sistema de vida vegetativo que adoece, quebrando o equilíbrio dinâmico (da interação entre o ser e o meio).
A dinâmica original assim quebrada dá origem a uma série de eventos mórbidos e distúrbios funcionais, criando vulnerabilidades e potencialidades a adoecer, a que, como um todo, chamamos, na Homeopatia, de “Suscetibilidade Mórbida”.
Isso obriga o organismo a reagir para tentar impor o equilíbrio dinâmico, sob o risco, se não o fizer, de desorganizar e morrer.
 Muitas vezes, impossibilitado de restaurar a originalidade da inteiração, cria-se um novo estado, este imperfeito e com grande dispêndio de energia.
Dessa situação nascem as tensões mórbidas, que acabarão por produzir aquilo que vemos como enfermidade ou desadaptação.
A suscetibilidade a adoecer coloca os órgãos e sistemas predispostos na probabilidade de gerar distúrbios e doenças como as conhecemos vulgarmente.
Pode o organismo se mostrar mais ou menos acometido, e estará também mais ou menos vulnerável ao meio em que vive.
Essa alteração no dinamismo de vida é de natureza evolutiva, e apresentará a suscetibilidade a adoecer de forma mais grave no passar do tempo.
Esse quadro evolutivo depende das condições ambientais, do padrão de vida do indivíduo e de sua vitalidade, que poderão oferecer maior ou menor resistência à evolução do desequilíbrio dinâmico.
Em decorrência disso, podemos dizer que, quando apresentamos toda a sintomatologia de uma enfermidade orgânica, bem antes desses eventos aparecerem já nos encontrávamos doentes, porém dinamicamente.
A enfermidade é o efeito terminal de uma doença que, preexistente, evolui até o quadro somático que vemos no momento.



[i]                       Hahnemann chamava de Dinamismo Vital

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